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Saiba o que o Grupo Estado ganha com o fim da Rádio Estadão

Por: Marco Antônio Pereira - Rádio Base

Muito se fala por aí sobre o fim da Rádio Estadão. É possível que todas as análises estejam certas, inclusive aquelas que dizem que se trata de uma derrota do Grupo Estado e de seus dirigentes que não souberam gerir os negócios na área radiofônica. Esta visão é compartilhada por muita gente séria que conhece o mercado. Entretanto é bom sempre se jogar luz ao que deixou de ser dito: se tivesse sido tão ruim, o grupo Estado teria “fechado” sua principal mídia eletrônica tão facilmente assim? Vamos por partes. É preciso se fazer um rápido retrospecto da “virtual” estação de rádio (este conceito sob aspas explicarei mais adiante). A Rádio Eldorado AM foi inaugurada em janeiro de 1958, com muita pompa e circunstância, como era costume na época. O Brasil ainda estava vivendo na “Era de Ouro” do Rádio, dos dourados “Anos JK”, uma época de progresso e de certa opulência na economia. Em seu livro “Eldorado, a Rádio Cidadã”, o ex-diretor da emissora João Lara Mesquita informa que depois de um certo encantamento provocado pela novidade do veículo a Eldorado foi esquecida pela direção do jornal. Ele relata também que, ao longo dos anos 1960, Luís Carlos Mesquita, seu tio e um dos diretores do jornal – revitalizou a sua programação com relativo sucesso. Entretanto, em 1972, seu “Tio Carlão” veio a falecer fazendo com que a rádio fosse abandonada até o início da década seguinte quando João Lara fora convidado a assumir a direção daquilo que os membros de sua família – controladora das empresas do Grupo Estado – chamavam de “estatalzinha” porque se gastava muito com ela e não se faturava nada. Ao longo de pouco mais de vinte anos, João Lara Mesquita conta que teve uma luta diária para manter as rádios Eldorado como “players” do mercado radiofônico. Ele revela que, apesar do sucesso comercial que conseguira com a FM, jamais teve o mesmo êxito com a estação de 700 KHz, muito embora avalie que tenha ajudado a revolucionar e renovar o radiojornalismo brasileiro com ele. Esta sina continuou mesmo depois de sua saída, em 2003, quando um grupo de credores assumiu o controle de todas as empresas. A Rádio Eldorado AM sofria com índices de audiência cada vez mais microscópicos e uma qualidade de transmissão a cada dia pior. Nem a tão festejada parceria com a ESPN que, segundo se comentava na época, rendia cerca de 200 mil reais para a emissora de televisão da Disney especializada em esportes, a cinqüentenária estação de ondas médias não conseguia mais decolar. Depois de tentar voltar sozinha aos velhos tempos de jornalismo 24 horas, a Eldorado AM – agora rebatizada de “Rádio Estadão” – arrendou sua frequência para a Nossa Rádio, pertencente à Igreja Internacional da Graça de Deus, do missionário R.R. Soares. O arrendamento foi uma bela solução para o grupo Estado, que finalmente poderia faturar com a rádio AM e poder possivelmente fazer caixa para implantar sua segunda emissora de FM na faixa estendida, além de diminuir o passivo das empresas de rádio. Porém, a antiga Eldorado FM – agora transformada em “Rádio Estadão FM” – continuou a transmitir a sua programação com audiência e faturamentos muito baixos, ao passo que a Eldorado FM – “a verdadeira” – conseguia manter uma boa receita de publicidade em “parceria” com a Fundação Brasil 2000, senhoria de sua atual “casa”, os 107,3 MHz. Pode parecer “non sense”, mas a decisão que tomaram, do ponto de vista “empresarial” foi essa mesmo: arrendar o próprio canal de FM, fazendo mais caixa e continua com a tal “parceira de conteúdo” com a Fundação e tentar acomodar parte do jornalismo que era produzido na Rádio Estadão. Desta maneira fica claro que o grupo Estado não está perdendo nada com essas mudanças. Até mesmo o patrocínio da Motorola que conseguiram para o quadro “Blitz Estadão” foi devidamente deslocado para outra atividade dentro do jornal – no caso, uma suposta exposição fotográfica composta por imagens feitas por fotógrafos do jornal, usando supostamente o equipamento do patrocinador. O uso dessa máquina na produção do conteúdo da extinta atração radiofônica também era o mote para o patrocínio: demonstrar as qualidades do novo modelo de celular que tira fotos com altíssima resolução e coisas afins. Conveniente, não? Só não foi conveniente os profissionais de rádio que, a exemplo de Marcel Naves – produtor e apresentador da “Blitz Estadão” – perderam seus trabalhos dentro do Grupo Estado e para os ouvintes que, mais uma vez, nem ao menos foram avisados das mudanças que afetariam o seu modo de ouvir Rádio. Lamentável.

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